Projeto de Revitalização da Sala de Leitura Ernesto Monte
- Yago Ferreira
- 25 de dez. de 2017
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de jan. de 2018
Durante aproximadamente dezessete anos de história e funcionamento, a Sala de Leitura da Escola Estadual Ernesto Monte exerce um papel de vital importância à comunidade escolar, no oferecimento de uma aprendizagem teórica e prática diversificada, abordando por meio de uma dinâmica pedagogia de inclusão, assuntos da grade curricular do Estado e do âmbito social.
Inicialmente na gestão da professora de Língua Portuguesa Gislaine Nanci, e da Professora de Língua Portuguesa e Estrangeira (inglês) Rosemeire Martins Barbosa. A missão da Sala de Leitura era a modificação da metodologia de ensino, com uma mais voltada para atender as dificuldades e diferenças pessoais de cada aluno, assim como, por meio da variedade de atividades – tais como o teatro, as rodas de leitura e o debate -, promover em conjunto aos alunos, um senso participativo dentro da comunidade escolar, tanto no descobrimento de talentos e habilidades quanto no envolvimento ativo nos assuntos que permeiam a relação aluno e escola. Visto isso, a Sala de Leitura é um dos espaços mais importantes no aprendizado e na formação escolar, não obstante, na complementação social de cada aluno que, de forma única, se torna um parceiro essencial no seu funcionamento e na garantia do cumprimento dessa missão. Contudo, posteriormente às mudanças ocorridas na escola no mês junho de 2016, a Sala de Leitura travou um caminho triste rumo ao esquecimento, sendo absorvida em meio a sujeira, a desatualização de seu acervo e encontrava-se diante de problemas que antecediam e se assemelhavam a sua primeira reforma.
Imerso nesse contexto, foi iniciado então no dia 07 de março de 2017 com a equipe gestora, professores e alunos do período noturno, matutino e vespertino, se estendendo até o dia 13 do mesmo mês, conversas e pesquisas pertinentes a respeito da melhor forma de revitalização que poderia ser feita, das reais necessidades de atividades extra sala de aula e das formas mais dinâmicas possíveis que as mesmas poderiam ser realizadas ao mesmo passo que a pedagogia trabalhada em sala. Chegamos a conclusão de que: a) era necessária uma revitalização por completo, desde a limpeza até as melhorias da infraestrutura da Sala de Leitura, assim como a conservação e a restauração dos antigos padrões e b) a preciosidade de uma atualização dos acervos e da continuidade nos projetos do grupo SuperAção Jovem. Em seguida, busquei entre os antigos e preciosos membros do grupo SuperAção Jovem, colaboradores que junto com suas memórias e sua história agregariam valor e resultado ao projeto. Com resultado em mãos e com grupos montados e divididos de acordo com o período, sua realização efetiva se inicia no dia 15 de março de 2017, em um esforço contínuo e árduo. De forma simples e objetiva, a reforma seguiu fielmente a um planejamento previamente realizado em meio as discussões, que consistia em uma restauração completa da Sala de Leitura. Partindo de suas prateleiras e se dirigindo ao piso e posteriormente às paredes, o movimento se ordena de um modo que o curso do projeto siga fluindo conforme previsto.

O complicado do projeto se resguarda à restauração e o manuseio minimalista com os livros. A Sala é gradativamente, folha por folha, capa por capa e fotografia por fotografia, restaurada. Destinando assim aos livros responsáveis pelo imaginário do público variado e assíduo de frequentadores, um destino contrastante ao do esquecimento e ao do desgaste. Livros românticos, de terror, ficção, didáticos ou enciclopédias, tudo assumia suas cores originais e ainda em meio a bagunça, já apresentavam nova perspectiva diante do amarelo opaco característico do esquecimento.
As organizações de layout foram bem pensadas no que se diz respeito à mobilidade e à logística de livros e pessoas. As prateleiras foram realocadas de uma forma que preservasse a aparência equiparada a dá antiga Sala de Leitura ao mesmo passo que garantisse uma adaptação eficiente, contudo neste processo, algumas mesas, cadeiras, decorações fixas e inclusive as próprias prateleiras tiveram de ser alocadas em outras partes da escola, onde as mesmas tivessem um uso adequado também.
Ao todo, foram restaurados pouco mais de oito mil exemplares únicos dos mais variados gêneros e para os mais diversos gostos de livros, almanaques, histórias em quadrinhos e antologias nacionais e internacionais.
Das caixas para as prateleiras
No dia 5 de abril, cerca de três semanas após o início da reforma, em um networking rico e de grande importância com a Superintendência Estadual do Banco do Brasil localizada em Bauru, no interior do estado de São Paulo, foi iniciada então a campanha de arrecadação de livros seminovos por toda a cidade, envolvendo todas as agências de grande e pequeno porte. Naquela altura, pensávamos inclusive em expandi-la ao nível estadual, abrangendo mais de trezentas agências subordinadas, mas devido a infraestrutura e a busca em atender somente nossa real necessidade, aceitamos de bom grado e de braços abertos a oportunidade.
No dia 5 de março, graças aos esforços da campanha, foram arrecadados cerca de mil exemplares diversos. Dessa forma, a Sala de Leitura estava de cara nova, ou como preferimos dizer, de capa nova.
Ali víamos o fruto do nosso trabalho despontar por entre a nova bagunça. Éramos, naquele momento, verdadeiras crianças que se perdiam a vasculhar cada página e a admirar capas e mais capas. Naquela altura, a bagunça que havia recomeçado sequer importava, definitivamente, existia apenas um êxtase imensurável, e acima de tudo, gratificante.
Após registrar os novos livros, havíamos contabilizado, no total, mais de nove mil exemplares. Era o marco que esperávamos, que estávamos chegando ao fim da missão, mas que estávamos perseguindo o caminho certo.
As últimas reuniões eram realizadas e toques finais eram dados por toda a Sala, nosso perfeccionismo havia atingido um ápice. Tudo na Sala era sagrado, e acima de tudo, precisava estar impecável.
A cerimônia final
Após três meses de trabalho, de esforços múltiplos e de uma determinação sagaz que causa inveja em nós mesmos sempre que nos lembramos dos nossos feitos, encerramos no dia 18 de maio de 2017 todo o processo de revitalização em uma cerimônia inesquecível, que reuniu no mesmo palco, Banco, equipe gestora, alunos e os idealizadores do projeto. Apesar da simplicidade, a confraternização encerrava um ciclo de projeto, mas exemplificou a capacidade de atuação do voluntariado, da força estudantil e os frutos do relacionamento entre gestores e alunos.
Apesar de cada um de nós conhecermos nossas potencialidades, jamais passou por nossas mentes o quão grande seria tudo isso, cada momento único e a grande missão que estávamos assumindo. Aprendemos de forma sem igual sobre o que significava o sentido de “bem comum” e acima de tudo, a importância da palavra "cooperação". O voluntariado foi sem dúvidas, um divisor de águas entre as diferenças de cada colaborador, o estímulo necessário para cada aluno perceber e identificar aquilo que faz a diferença e para que cada um deles, de sua forma única, se esforçassem para revitalizar, não somente o que a escola possuí, mas a chama coletiva presente em cada criança, jovem, adolescente e adulto.
O trabalho da revitalização havia acabado, contudo, agora era necessário embarcar em uma tarefa diferente: ensinar, e acima de tudo, preservar. Dessa forma, assim como muitos outros alunos, deixamos nossa marca e uma importância a mais para alunos, equipe gestora e os mais de cinquenta anos de história da escola.
Clique aqui para baixar/ver o book completo com todas as fotos e comentários do início ao fim do projeto:
https://drive.google.com/open?id=1yeub4DSUwQmdOXvktJpoK2Yrx8mKt5Na
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